Outro homem
pensa
sobre o poder
e a glória
de mundana vida
em aproveitamentos
utilitários
compra o pássaro
compra o limbo
compra o espaço
compra a hora finalizada
das recompensas
o caminhão troca de lado
na estrada.
(Pedro Du Bois, inédito)
Se do passado
amortecido
em presentes
resta
o riso infantil
sobra do todo
o muito
anunciado
em futuros
gestos
se no profundo
está o quanto reconhecido
na mágica
o tempo
passado
se faz presente
na cartola do mágico
em noites de lua cheia.
(Pedro Du Bois, inédito)
nós
Por valéria tarelho | 12/19/2011 06:20:00 AM em São José dos Campos, Valéria Tarelho | comentários (2)
flor-de-lis
** imagem 2: pintura de Isabel Lhano
sempre se está
prestes a
não há um caminho para a felicidade
a felicidade é o próprio caminho
- Agora já pode possuir a noiva.
O barulho
gera: na angústia
o silêncio altera
sentidos
o movimento
espera: o corpo
sente o passar
do corpo rente
o barulho
traduz: na ansiedade
o silêncio altera
vontades
o instante
completa: o corpo
passa no sentido
do corpo em frente.
(Pedro Du Bois, inédito)
Tudo que é poesia verdadeira ressoa Pessoa.
Busco no escudo
a semente: ardência indomável
no espectro glacial
do tédio
defesa armada
ao ataque inexistente
(o dedilhar do piano ressoa
verdades: através do tom
o som revolve montanhas
de não saberes)
o duro barulho do baque
do corpo contra o todo: mudo
a tentação vulgar de estar aqui
acalmo minha sede além da seda
no entrevisto corpo em minha direção
(turvo vulto da água límpida
das reconsiderações).
(Pedro Du Bois, inédito)
Uns dizem orixá, outros santo
uns dizem catolicismo, outros candomblé
uns a chamam de Iemanjá, há quem a chame de Maria
uma dizem que é religião, a outra crendice
mas quem disse?
(Eryck Magalhães, Ecos e outros versos, 21)
cheiro de chão pisado
carro de boi e gado
ponteio de viola
canto cansado
luar do sertão.
Revejo a terra: a marcação
cerrada complica o ataque
a velocidade
o corte
o drible
a capacidade de me fazer
ausente
e na frente
me apresentar
em características
distintas
revejo a terra pressionada no extremo
do desconhecimento: providências
tomadas além da espera
na frente reapareço
no encontro desmarcado
da tarefa por fazer.
(Pedro Du Bois, inédito)
Na hora
(cedo)
cedo
ao cansaço
recolho o corpo
à cama
olhos cedem
ao escuro: a mente
cede espaços:
sonho.
(Pedro Du Bois, inédito)
Mentalizo o sabor
refrescante do presente:
lanço o hálito
à frente
da batalha
torturo vítimas
enfraquecidas
enraizadas
desacostumadas
ao martírio
cada palavra é recebida
em homenagem
e ao futuro digo
verbos intransitivos.
(Pedro Du Bois, inédito)
*poema selecionado para o Livro Prêmio Alt Fest, patrocinado pela Fliporto.
No interior,
facilmente se encontra pés de amora
e debaixo deles se namora.
Quando criança, no caminho de volta da escola
gostoso era comer amora,
colher amora...
ajudar as meninas a trepar nos galhos mais altos,
segurá-las pelas mãos...
Colocar amoras (as mais suculentas)
em suas bocas,
e observar o doce suco da fruta
tingir-lhes os lábios.
Chegar em casa de roupas manchadas
e ouvir as queixas de mamãe:
"suco de amora não sai da roupa"
e da memória.
(Eryck Magalhães, Ecos e outros versos, 57)
No universo incompleto da sequência
o lance derradeiro
decisivo
e único na universalidade
da espera: espaço renovado
em desdobramentos e a bifurcação
multiplicada em angústia
se desvela em única
incoerência: a continuidade
perdura no que chamamos
tempo: antes do tempo
chamado além: sem início
e fim perduram farsas
indecifráveis dos haveres:
a completeza predispõe
o final da essência
de início não começado:
interlúdio e ofuscada
estrela em interestático
mundo das profundezas.
(Pedro Du Bois, inédito)
quero aprender a catar
sons semelhantes que
pousam diferentes nas
árvores das melodias fugidias.
MÚSICA ME ENGOLE E ME COSPE DIFERENTE.
Comemora sua vitória
glória
inatingível
em vida
reposta
à lápide
em palavras
metalizada
na saudade.
(Pedro Du Bois, inédito)
Ao homem a prisão do espaço
cria tempos de passagem
o amargor
com que nos perdemos
em liberdades
a extensão ignorada
dos movimentos
o humano no ínfimo e inexato
pensamento: liberdade condicionada
à sobrevivência
(de que adianta o universo
sem o espírito crítico?)
o espaço inibe o soar dos sinos
e do fim ainda não fomos
alertados.
MUITO INTENSA
INDEFESA
CLARIVIDÊNCIA
MUITO INTENSA
FREMÊNCIA
INTEIREZA.
O demônio não nos afronta, só ri de nossas pálidas crenças.
Por Unknown | 10/08/2011 11:03:00 AM em | comentários (0)
segunda: acordar a vida pra trabalhar dentro dela;
terça: continuar fiel ao caminho escolhido;
quarta: subir o mar d'almas, respirar e voltar a mergulhar;
quinta: é quase o fim da viagem... quase afim;
sexta: dia de lua, sempre cheia. dia de rua, sempre alheia. dia de voltar pra casa e
lembrar de amar;
sábado: continuar amando;
domingo: despedidas e lembranças (lembrar de amar/lembrar de amar/lembrar de amar...).
Abandono a lógica irreversível
das promessas: receio ofender a menor
parte distribuída, o escutar do murmúrio
decomposto em marcos dividindo
o espaço: cada um para um lado, cada
um do seu lado, cada um do lado errado
na lógica abandonada sacio
a fome descomunal dos adjetivos
e os empresto ao vento que os infla
no crime doentio dos silogismos
abandono a lógica racional dos percursos
e guio meu corpo ao abismo de onde olho
abaixo e longe o contato futuro e imediato
na lógica reside o abandono
da mágica apresentada em lona
de circo.
O Papa diz:
- Perdão.
O Pajé, de terço no pescoço, responde:
- Amém.
(Eryck Magalhães, Ecos e outros versos, 35)
O primeiro homem
pensou sua sobrevivência
sobreviveu ao homem
- ainda bicho -
o segundo homem
tem a consciência
de esconder o bicho
ainda homem.
(Pedro Du Bois, inédito)
No caminho que ninguém caminha
Pero Vaz caminha
na sua caminha
só indiazinha.
Por Cláudio Costa | 9/22/2011 09:12:00 PM em | comentários (1)
fINal FELIZ
Combinou que ao acordar faria o café.
A mesa estava posta
Uns trocados
Um bilhete
o vazio
eu
O absurdo considerado
no limite
da troca: vida
e morte
(um dia quando o último
for embora ainda ouviremos
o silêncio mortífero
da canção).
(Pedro Du Bois, inédito)
Dos vasos suspensos
regados por seu nome
é colhido o olhar de alegria.
Há vida.
A rosa colhida no mais íntimo do meu jardim
foi rejeitada feito capim.
Num copo esquecido, sobreviveu
a lembrança du'm sorriso.
A rosa não teve nome
só motivos
e morreu.
Gorjetas e alguns versos trocados
Por W.G. | 9/19/2011 08:35:00 AM em Aparecida, Wilson Gorj | comentários (0)
Um apanhado de microcontos e alguma poesia:
tinha cada uma
maior que a outra
tinha outras
com cada uma
e tinha você
que me deixava numas.
Integro o espaço
circular da imagem:
a escada
o sofá
o automóvel
o inseto
o pássaro
a infrutífera árvore
ressecada
(escuto o som: não tenho a imagem)
entrego o corpo ao cansaço
e no sofá onde sentado
aguardo o final do som
na recuperação da imagem.
(Pedro Du Bois, inédito)
TANGRAM TEIA DE IDÉIAS: A UMA MOÇA QUE PASSA
Por Unknown | 9/12/2011 10:58:00 PM em | comentários (0)
Por Cláudio Costa | 9/12/2011 08:40:00 PM em | comentários (0)
1ª Pessoa.
Ele concordava que tinha o mundo em si.
Úlceras,
pasmos vermes.
XADREZ (11 de setembro)
Por W.G. | 9/11/2011 11:09:00 AM em Aparecida, Poesia, Wilson Gorj | comentários (3)
Enquanto os grandes mexem suas peças
derrubando torres
manipulando bispos
enforcando reis
entre cavalos e peões,
os pequenos movem suas vidas,
cada um no seu quadrado.
. . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . .
barullho no telhado
deus aborta fetos de anjos
Tonho França
A terra recebe
o corpo: a terra
cobre o corpo
depositado
na terra o corpo
se compraz
em decomposição
na terra o sentido original
do corpo descompensado
ao estágio anterior
da criação
o barro ressecado estala pedaços
do corpo putrefato: na superfície
entre flores a lembrança
se oferece ao mistério: o corpo
trespassado.
(Pedro Du Bois, inédito)
A QUALQUER HORA
Por W.G. | 9/05/2011 08:23:00 AM em Aparecida, Poesia, Wilson Gorj | comentários (1)
a qualquer hora.
Porque sem o branco do papel
e o negro da tinta
não haveria este poema.
(Eryck Magalhães, Ecos e outros versos, 13)
Exulta
exalta
no vulto do espelho
espelha
o gesto
com que se repete
no aplauso consequente
de louvações o destino
busca o passo seguinte
não o repetido espetáculo
em que avulta o preço
da homenagem.
(Pedro Du Bois, inédito)
Ainda você, minha flor do amanhecer,
Que saboreava cada verso meu,
Como se, dali, chegasse ao apogeu
...
Da felicidade em teu alvorecer.
Ainda você, meu sol a florescer,
Que se lamentava a cada avesso teu,
Como se eu fosse uma luz em teu liceu,
Como o breu viesse eu a converter.
Ainda, em cada serenata de amor,
Você, que não se acostuma à ira, à dor
De saber um mar sem rima ou remador
roda gira
pira,
roda expira.
roda lírica,
empírica
roda de catira
Há sempre
o paradoxo
no suicida
doador de órgãos.
(Pedro Du Bois, inédito)
Observo a caixa onde o último charuto descansa
Há uma certa elegância no aroma do Cohiba
Ainda pousa sobre amarelados papéis
a caneta de pena importada
o relógio de bolso em ouro
(ambos herança de meu avô)
já desfiz-me de tudo que era precioso
perdi-me de muitos rostos caros e amigos
e morri um pouco em cada mulher que amei
hoje o tom escuro repousa em quase todas minhas roupas
e toda essa profusão de sons, cores, pessoas
são estranhas ao meu olhar.
Relembro na pausa de um suspiro (lento)
Toda minha vida
pouco restou de uma época e de mim.
Os últimos poemas ainda insistem na memória
Eles tem a alma, o ritmo e o segredo dos mares
E toda noite, condenam-me veemente
ostentando sobre as ondas, brados revoltos
em espumas claras-intensa-reluzente
A face de todos meus “eus” mortos
Fabiano Fernandes Garcez: Notícias
Por Fabiano Fernandes Garcez | 8/19/2011 11:14:00 PM em | comentários (0)
Fabiano Fernandes Garcez: Notícias: Jornal Comunicação Regional publica crônica de Fabiano Fernandes Garcez http://2.bp.blogspot.com/-qSMs6W4xeCs/Tk49sK_v64I/AAAAAAAABQM/y...
é arredia
sabiá-laranjeira
saíra
cor de canto
que às vezes
somente às vezes
c
a
em m i m
Tonho França
O mestre
amestra
os alunos
o balançar
do lápis: papel
riscado
arrisca sussurros
ao espaço
e colhe
na vibração
o tempo
ao mestre
restam
amestradas
lembranças
em desalinho
o lápis intocado
repassa
o papel
intacto.
(Pedro Du Bois, inédito)
Por Pedro Du Bois | 8/10/2011 10:10:00 AM em | comentários (0)
Escrever me define o que sou, quem sou, e o que vejo do que outros são.
Escrever dói, arranha, anima, ânima.
Alma, blues, "todo amor que houver nessa vida"
Escrever me salva de mim mesmo.
O negro de tão negro é invisível
invisível aos olhos dos que vêem
aos cegos os negros são mais lúcidos
pois negro é tudo o que vêem.
(Eryck Magalhães, Ecos e outros versos, 22)
Eu vendo o pôr-do-sol... Ninguém se interessa.
A pressa venda os olhos.
Palavras em choque
Por Fabiano Fernandes Garcez | 7/17/2011 08:45:00 PM em Fabiano Fernandes Garcez, São Paulo | comentários (1)
Faço poemas di_versos
...mesmo que os versos não rimem.
A oca, outrora oca
hoje é oca
(Eryck Magalhães, Ecos e outros versos, 18)
SARAU ENTRELINHAS NO MUSEU
Por Rhosana Dalle | 7/11/2011 10:29:00 PM em SARAU ENTRELINHAS MUSEU | comentários (1)
Do passado pressente
o que a memória lembra
na identificação dos rostos
lugares
datas
do passado mente o não acontecido
lembranças nas versões dos fatos
verdades sobrepostas
no verdadeiramente exposto
de onde retira o âmago
angustiado de estar aqui
fantasma iluminado
de vidas inalcançáveis
do passado sente a expressão
do gosto: a criança ressurge
no tempo na imagem esperada.
(Pedro Du Bois, (DES)TEMPO, Edição do Autor)
Para ferir
qualquer palavra
é pedra.
Na boca
de quem ama
derrete-se a dureza:
palavras exalam
hálito de flores.
Nos finais de tardes
pequenos pássaros
fazem do telhado
refúgio
tempo de espera
de irem aos lugares
do sono
árvore
árvores
pássaros esperam
as horas em lentos
voares extensos
versos de obrigado
e domingos repletos
de nada.
(Pedro Du Bois, O NASCER DOS ARES E DOS PÁSSAROS, Vol. II, 42, Edição do Autor)
A poesia,
flor desabrochando
no meu cotidiano.
Com os dedos da linguagem
tento colhê-la
e quem sabe
plantá-la
no vaso das palavras.
Por Tonho França | 6/18/2011 10:51:00 AM em | comentários (2)
Todo verso sangra
todo verso fere
todo verso acaricia
alivia a febre
todo verso é ânsia
premência de vida
erupção,estopim
a cada verso
mais adentro
mm mim
Mais próximo
De um novo
começo ou fim...
tonho frança
O sentimento muda tal qual nuvem.
O mesmo amor que desarma,
arma...
O bem-querer que acalma,
desalma...
O abraço que afaga,
afoga...
Coração é folha seca,
pena de passarinho à deriva,
quem traça o caminho é o sopro do vento.
(Eryck Magalhães, Ecos e outros versos, 44)
Homenagem ao 123º Aniversário de Fernando Pessoa
Por Fabiano Fernandes Garcez | 6/13/2011 03:31:00 PM em Fabiano Fernandes Garcez | comentários (1)
"Navegar é preciso; viver não é preciso".
Quero para mim o espírito [d]esta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou:
Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande,
ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo.
Só quero torná-la de toda a humanidade;
ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso.
Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue
o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir
para a evolução da humanidade.
É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.
minha poesia
é quase nula diante
de um dia tão AZUL.
Desde quando me fiz início
sei da necessidade
da partida. Desde então
me acoberto em espaços
que não me pertencem
em busca do que
me nego ao necessário.
Fosse eu a permanência.
(Pedro Du Bois, A NECESSÁRIA PARTIDA, Vol. I, dedicatória, Edição do Autor)
dedicado à avó Maria
cheiro de mexerica
e o aconchegante sol de inverno
só não era mais aconchegante
que a companhia de minha avó
A vida sem replay,
flahback, cortes de cena.
Dias monótonos em repetições.
A audácia comum aos sedentários.
Esportes radicais, emprego
de astronauta. A multidão
cerca o palco, carros
ultrapassam trezentos
quilômetros por hora.
Vida envelhecida em repetições.
A sensação de tédio e raiva.
Não mais cantar: saltar.
Não mais viajar ao espaço.
Apenas: deixar-se ficar
no alpendre onde replays
e flahbacks se eternizam.
(Pedro Du Bois, DAS DISTÂNCIAS PERMANENTES, Edição do Autor)
Qual é o seu lugar favorito para comprar roupa?
Por Duda Araújo | 5/29/2011 06:08:00 PM em | comentários (1)
aonde é mais barato
Marco. Sinal contemplado em segurança:
entre vidas e mortes irreconhecíveis.
Marco. Espaço decorrido em sustos:
entre descobertas e acobertamentos
inevitáveis. Conteúdo descrito ao perigo:
entre o o objeto e o corpo
padecem azares.
(Pedro Du Bois, inédito)
Cio de gatos no telh/\do.
A menopausa da mulher do 163
esquenta o hálito da noite.
Garoa fina e fria,
cinza
cinzas
As luzes verticais
formam arquipélagos ao longe
Na calçada, o menino e a chuva
o cachimbo
o menino e a fumaça
o menino e as cinzas
o menino e a pedra
o menino e a luz
(segundos de sonhos coloridos)
Ah, dorme, menino.
Dorme...
(No estômago da noite
a cidade rumina meninos)
Tonho França
legado
Por valéria tarelho | 5/21/2011 03:00:00 PM em São José dos Campos, Valéria Tarelho | comentários (0)